Última atualização em 28/07/2021, 8h32min por A Trombeta
Conhecida como impotência, até os anos 80, depois definida como distúrbio de ereção, nos anos 90, atualmente tem uma terminologia menos estigmatizante: disfunção erétil. Apesar da alteração na denominação, o problema nunca esteve tão amplamente discutido como agora. A abordagem da disfunção erétil tem sido um obstáculo tanto para o homem, que passa uma média de três anos e meio entre a queixa inicial e a procura por serviços médicos, quanto por parte dos profissionais de saúde, que dificilmente têm uma postura proativa diante do problema. Isso retarda muito o tratamento e piora a qualidade de vida de milhões de pessoas, afetando negativamente o relacionamento interpessoal.
A disfunção erétil diz respeito a outras consequências no organismo do homem. Ela seria uma espécie de aviso prévio do corpo para uma doença que pode ser constatada, na maioria dos casos — implicações do diabete. O professor Jorge Hallak, urologista da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do Grupo de Estudos em Saúde Masculina do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade, afirma que tanto a falta de ereção quanto a infertilidade são indicadores a respeito da saúde masculina que não podem ser tratados de forma trivial. “A infertilidade é um biomarcador mais precoce, que indica que a coisa não está indo bem, portanto, o indivíduo não consegue se reproduzir. A disfunção erétil é o biomarcador mais tardio de eventos que vão acontecer no futuro próximo, que levarão o indivíduo a ir ao médico.”
O urologista lembra a necessidade de falar da disfunção com o médico para quebrar o tabu sobre o tema. Essa situação de silêncio é ainda mais agravante quando somada ao costume dos homens de não irem ao consultório de forma regular para prevenir e cuidar de sua saúde. É preciso ir ao médico rotineiramente e, ao surgir a primeira anormalidade no órgão reprodutor, procurar o especialista já é um passo a mais no tratamento do que esperar o caso se agravar para, enfim, procurar ajuda médica. A ereção assume um importante papel na saúde masculina, como forma de manter o pênis em atividade. Hallak exemplifica: “O homem tem, em média, nove ereções noturnas em uma noite de sono normal, de oito horas de sono. É saudável, é importante ocorrer isso. Então, se o indivíduo não tem ereção por meses subsequentes, aquele pênis perde capacidade. Portanto, o indivíduo que demora três anos para procurar o médico, sem ereção, é mais difícil fazer com que ele volte a ter ereção”.
Há a importante ressalva sobre os tratamentos para repor os hormônios que provocam a ereção. Os medicamentos, conhecidos em forma de comprimidos, são reconhecidos como um avanço da medicina no combate à disfunção. Contudo, o uso descomedido gera um mal ainda maior: não buscar saber, de fato, por meio da orientação médica, a razão que está atuando no organismo, impedindo as ereções de forma natural. Eles não substituem os urologistas nem a prevenção com a ida ao especialista.
Fonte: Jornal da USP
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