Última atualização em 06/06/2023, 5h46min por A Trombeta
A cidade de Pirangi tremeu ontem (27/05). A terra tremeu por duas vezes e assustou os moradores. O primeiro tremor aconteceu durante a madrugada, a 1h34 e o segundo foi às 10h15. A equipe de reportagem A Trombeta estava na cidade colhendo depoimentos de moradores para elaboração de uma matéria, quando houve o outro abalo.
(Texto continua após o vídeo)
Segundo o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, os tremores registrados atingiram respectivamente 2,2 e 2,3 pontos na Escala Richter. Conforme fala do sismólogo Bruno Collaço ao Jornal da EPTV 2ª Edição de ontem, fenômenos com essas magnitudes acontecem com bastante frequência em todo Brasil e não apresentam riscos de danos as estruturas civis como casas e prédios.
No entanto o desconforto e até preocupação dos moradores é grande. A Trombeta ouviu cinco pessoas em Pirangi, sendo quatro bem pela manhã após o tremor da madrugada e um morador quando o segundo abalo já tinha acontecido. Inclusive esse entrevistado é engenheiro civil. Pelas declarações dos entrevistados e imagens de câmeras de segurança percebe-se que os tremores foram mais intensos na parte sudoeste da cidade.
José Roberto Pim, residente na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, contou que ele e a esposa acordaram assustados com o estrondo que aconteceu e além de tremer as janelas, uma gaveta de um móvel chegou a abrir sozinha.
O comerciante Mauro Fachini, disse que não é a primeira vez que isso acontece em Pirangi, mas desta vez foi muito mais forte. “Nas outras vezes tremeu vidros de janelas, mas hoje tremeu vidros, janelas a casa toda e até a cama. Acordei muito assustado” falou Fachini.
Também morador da parte sudoeste de Pirangi, no alto da avenida Dr. Rodrigues Alves, José Atilio Sabion falou que coincidentemente levantou para tomar um medicamento nesse horário, quando percebeu que tremeu a janela. Disse que sua filha já tinha relatado outros episódios de leves abalos, mas nunca tinha percebido. “Dessa vez fiquei um pouco assustado” concluiu.
Alfreda Pichinelli, residente no bairro Vila Marques, na parte norte da cidade, disse que sentiu o tremor, mas disse que não foi tão forte e nem se assustou. A Trombeta conversou com outros moradores desse bairro e a maioria disse que foi mais “leve” que as outras vezes.
Após o segundo tremor
Quando a reportagem já estava se preparando para deixar Pirangi, aconteceu o segundo tremor às 10h15. A sensação de vibração é parecida, de forma aumentada, com o tráfego de um trator compactador usado na pavimentação de vias e terraplanagem. Os pequenos objetos vibram sobre os móveis.
O engenheiro civil, José Luís Soleira Junior, escutou e sentiu os dois tremores ontem em Pirangi. Disse que ambos foram assustadores, mas o que ocorreu madrugada foi mais forte. “Acordamos com a vibração das vidraças das janelas e uma sensação de ondas que assustou a gente até duas gatas que temos em casa” falou. Quanto à questão dos tremores causarem possíveis danos, o engenheiro disse que pela intensidade dos eventos não abala as estruturas pelo conceito da engenharia moderna. “As casas mais antigas até podem apresentar algum tipo de dano, mas nada grave” concluiu Soleira Jr.
USP estuda os motivos
Desde 2020 tremores de terra tem ocorrido em Pirangi e Monte Alto. Foram registrados pelo Centro de Sismologia da USP, aos menos dois abalos em 2020 e 2021. Outro em março deste ano e esses dois de ontem (27/05). No portal da entidade está disponível para leitura e download, um estudo de abril deste ano intitulado “Os tremores de terra de Monte Alto e Pirangi, SP, de 2023” (veja íntegra do documento nesta página). Apesar de não ser conclusivo por demandar mais estudos, os cientistas dizem que possivelmente os tremores são originados por causas naturais, mas não descartam a hipótese do motivo ser pelo aumento de perfurações de poços profundos.
Veja o que diz o primeiro parágrafo do capítulo 5 na página 10 do documento: “A grande maioria dos tremores de terra têm origem natural. Considerando que centenas de poços profundos são perfurados anualmente sem acarretar nenhum tremor perceptível, casos induzidos por poços são fenômenos raríssimos. Apenas nos casos em que as pressões geológicas já estejam em situação muito crítica e próximas do deslizamento, é que ocorrem tremores de terra. Somente uma investigação mais detalhada com sismógrafos locais, junto com mais informações sobre a perfuração e operação de poços recentes em Pirangi e em Monte Alto, permitiriam uma conclusão mais segura.”
Publicidade
