Vivendo sob o medo de ter a mão amputada

Vivendo sob o medo de ter a mão amputada

Última atualização em 06/12/2022, 15h25min por A Trombeta

Apesar da Constituição Federal de 1988 constar em seu Art. 196 que  “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, muitos brasileiros ainda tem dificuldades em acessar a Saúde em certas circunstâncias.

A narrativa a seguir é um desses casos. O fernando prestense Jean Carlos da Silva Risse, 41 anos, nasceu com um problema congênito na mão esquerda denominado “Mal formação arteriovenosa” (MAV), que é a ligação anormal entre artérias e veias podendo se romper, causando sangramento, lesões e amputação do parte acometida pela doença.

Jean conta que desde pequeno teve que recorrer a intervenções médicas para amenizar as consequências dessa doença, mas aos 16 anos teve de amputar o dedo mínimo. A ameaça da amputação de sua mão na altura do punho sempre foi constante e por isso trocou muitas de vezes de profissionais e hospitais.

Hoje ele passa exatamente pelo espectro da amputação novamente. Jean disse que sempre foi atendido pelo SUS, e bem atendido. No entanto, recentemente, após novas lesões e hemorragias em julho passado teve de procurar novamente ajuda especializada e se deparou outra vez como tantas outras com a possibilidade de amputação e ficar sem a mão esquerda.

De um hospital para outro, uns dizendo que não podiam atender devido a circunscrições e protocolos, outros querendo amputar a mão, Jean foi encaminhado ao Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp. Tudo certo e feliz Jean passou por todos os procedimentos pré-operatórios. Eis que no meio deste árduo caminho surgiu mais um empecilho: O SUS não cobre alguns dos itens que serão usados na delicada cirurgia de Jean. Mas como não? Não cobre.

Com a negativa do não fornecimento em mãos Jean e sua família procuraram ajuda jurídica para o caso. Como dores intensas, hemorragias constantes, tecidos expostos sujeitos a infecções o advogado Mizael Gibertoni conseguiu uma liminar da Justiça que o SUS adquira os materiais necessários à cirurgia. Desde o dia 03/11 Jean conta os 10 dias úteis previstos pela Justiça para que se cumpra a determinação judicial e aconteça a cirurgia. “Está sendo os dias mais longos da minha vida” disse.

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