Última atualização em 22/06/2022, 19h54min por A Trombeta
O reaproveitamento de rejeitos da mineração, do entulho e da construção, além de outros resíduos, pode reduzir o consumo de brita, areia natural e derivados do petróleo. Essa estratégia tem sido utilizada na pavimentação do cimento verde, uma alternativa de asfalto com menos impacto ambiental.
A professora Liedi Bernucci, titular da Escola Politécnica (Poli) da USP, ex-diretora da Poli e diretora-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), conversou com o Jornal da USP no Ar 1ª Edição para explicar essa alternativa.
Redução de impacto
Liedi conta que a pavimentação consome muitos materiais, grande parte deles naturais e escassos, como a brita e a areia. “Se a gente tiver tecnologia para diminuir o impacto dessa utilização de materiais que vêm de recursos naturais, vai ajudar muito o meio ambiente”, diz a professora.
O cimento verde é justamente uma iniciativa para reduzir o consumo de cimento sem diminuir sua qualidade. Segundo Liedi, as propriedades dos materiais são estudadas para garantir a resistência do material. Assim, além de produzir um cimento semelhante ou até melhor que o convencional, há uma redução nos impactos ambientais, na emissão de gases poluentes e na formação de entulho. “Ao consumir menos cimento para fazer a mesma extensão de estrada, você está afetando menos o meio ambiente”, pontua a professora.
A reciclagem dos materiais também é uma vertente importante para diminuir a exploração dos recursos de fontes não renováveis. Liedi cita, como exemplo, o sistema viário da USP Leste. O projeto tem cerca de 20 anos e foi todo feito a partir da reciclagem de materiais oriundos da demolição de casas e outras construções. Outra possibilidade é reciclar os próprios pavimentos convencionais, que são deteriorados pelo tráfego e pelo clima. Esse material, que normalmente é descartado, pode ser reaproveitado para produzir um novo pavimento.
Pesquisa
Segundo a professora, os países que possuem os melhores asfaltos são os mais ricos e também os que mais reciclam. Isso reforça a importância das pesquisas e da busca por tecnologias mais ecológicas e eficientes. “Essa é a fonte da riqueza e do bem-estar”, destaca Liedi.
Ela também conta que o Brasil está avançando na pesquisa com bioligantes, materiais alternativos ao petróleo. Restos de árvores podem ser utilizados para produzir esses materiais, que substituirão os asfaltos de petróleo. A tecnologia ainda é estudada, mas já foi utilizada para construir o trecho de uma rodovia nacional.
Essas alternativas são utilizadas em rodovias, mas também têm aplicação em ferrovias, por exemplo. “A gente tem um mundo para pesquisar e, em vez de provocar danos no meio ambiente, reutilizar esses materiais”, comenta a professora sobre a importância dessas tecnologias.
Fonte: Texto e imagem – Jornal da USP
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