A cultura do abacate é uma opção atrativa para agricultores de Fernando Prestes

A cultura do abacate é uma opção atrativa para agricultores de Fernando Prestes

Última atualização em 16/06/2024, 18h25min por A Trombeta

Nem mesmo as culturas perenes são imutáveis na dinâmica da agricultura, que constantemente se renova para atender às demandas alimentares e se adaptar às novas tecnologias. Esse cenário é evidente na região de Fernando Prestes, cuja história agrícola revela uma impressionante capacidade de transformação e inovação.

Da cafeicultura à diversificação

Povoada a partir da metade do século XIX, a região de Fernando Prestes se destacou inicialmente pela cafeicultura, que prosperou até a crise mundial de 1930. Com a queda do café, a região passou a cultivar culturas anuais e, nos anos 1980, a citricultura – com a produção de laranjas e limões – voltou a ganhar força, marcando um retorno às culturas perenes. Paralelamente, a cana-de-açúcar começou a ocupar um espaço significativo, impulsionada pelo Proálcool, atingindo seu auge na virada do milênio.

Apesar da aquisição de grandes áreas pela indústria sucroalcooleira, a colcha de retalhos das pequenas propriedades agrícolas, predominantes na região resistiram e continuaram a inovar. A citricultura, com o limão Taiti como destaque, tornou-se uma resposta às crises sazonais da cana-de-açúcar e ao monopólio das usinas, combinando-se com outras culturas como goiaba, manga, tangerina e abacate.

O abacate ganha espaço

O abacate, um fruto originário da América Central, tem conquistado cada vez mais espaço em Fernando Prestes. Reconhecido por seu sabor único, versatilidade culinária e benefícios à saúde, o abacate é rico em nutrientes essenciais e gorduras saudáveis, atraindo o interesse de cientistas e nutricionistas.

Histórias de sucesso

Cássia Aguiar, de professora a agricultora

Cássia Aguiar, 41 anos, é um exemplo dessa nova onda agrícola. Ex-professora, ela herdou um pequeno sítio no bairro Fundão, em Fernando Prestes, após o falecimento de seu pai, Alvaro Batista de Aguiar. Com 300 pés de abacates das variedades Fortuna e Quintal, Cássia, com pouca experiência agrícola, decidiu se dedicar ao cultivo em companhia da mãe Aparecida. “Apesar de ser filha de agricultores, pouco sabia sobre roça e quase nada de abacate e abacateiros”, conta Cássia, que, após fazer cursos, plantou mais 500 mudas de Geada e 700 de Margarida. Hoje, ela tem 9 hectares de abacateiros produzindo.

Cássia divide as atividades no sítio com seu esposo Alberto, enquanto cuida do filho recém-nascido, Bento. “Eu cuido do Bento, dos abacateiros e o Beto me ajuda com nosso pequenino e também labuta nas estufas produzindo pimentão”, explica.

João Batista Gibertoni, retorno às raízes

João Batista Gibertoni, 60 anos, também voltou às origens agrícolas após se aposentar como engenheiro químico em São Bernardo do Campo. Escolheu o abacate pela sua versatilidade e bom preço no mercado interno. Hoje, cultiva variedades como Geada, Fortuna e Fucks em uma área de 1 hectare, continuando o legado de sua família na agricultura.

Produção e consumo de abacate no Brasil

De acordo com dados do Ceagesp de 2016, o consumo de abacate no Brasil ocupa a 12ª posição entre as frutas preferidas. A produção nacional é de 195.492 toneladas, com São Paulo liderando com 160.945 toneladas, seguido por Minas Gerais e Paraná. O consumo per capita no Brasil é de apenas 1kg por ano, muito abaixo dos 8kg no México e 5kg nos Estados Unidos.

Em Fernando Prestes, a produção de abacates está em ascensão. Em novembro de 2022, a área plantada chegou a 10 hectares, com 2 mil pés de abacates em produção e mais 200 pés em áreas novas. Ainda há outros agricultores que estão optando pelo cultivo de abacateiros, mas os dados não estão disponíveis. Segundo Vera Lucia Palla, da Casa da Agricultura de Fernando Prestes, a diversificação e inovação são chave para o sucesso contínuo dos agricultores locais.

A história de Fernando Prestes ilustra a capacidade de adaptação e inovação dos agricultores locais, que, através da diversificação e investimento em novas culturas como o abacate, garantem a sustentabilidade e prosperidade da agricultura na região.

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