Última atualização em 29/08/2024, 9h47min por A Trombeta
Os avanços no rastreamento e diagnóstico do câncer de próstata têm evoluído significativamente devido a novas tecnologias, como ressonância magnética multiparamétrica, biópsia de fusão, e PET-CT PSMA. Vinícius Luiz Meneses Jesus, urologista, médico assistente do ICESP e doutorando em urologia da Faculdade de Medicina da USP, aprofunda mais o tema.
Prevenção
O especialista explica que está havendo uma mudança na situação da saúde. “A população está vivendo mais, nós estamos fazendo mais diagnóstico de câncer de próstata e a população está tendo maior longevidade. Vale lembrar que na década de 1940 a expectativa de vida do homem era de 43 anos e da mulher 48 anos. Em 2019, esse tempo quase dobrou. A mulher vive até os 80 anos e o homem vive até os 73 anos, sempre mantendo o homem com uma média de expectativa de vida menor em cerca de sete anos em relação à mulher. Isso é multifatorial, uma das causas é a menor ida aos médicos pelos homens. As meninas vão desde criança ao ginecologista, o homem não tem essa cultura de procurar um médico para acompanhar sua situação com um urologista por exemplo. Então nós temos estamos aumentando o nosso diagnóstico de doenças crônicas, diversos tipos câncer, e o câncer de próstata é um deles. A tecnologia de rastreio diagnóstico de câncer de próstata vem aumentando cada dia mais. Hoje em dia a questão é completamente diferente”.
Maiores cuidados
Vinícius Meneses detalha as recomendações sobre os exames. “É preciso fazer o rastreio de câncer de próstata para homens a partir dos 50 anos e até os 70 anos, começando aos 50 anos para homens sem fator de risco. Com fator de risco, que seriam homens negros ou de origem caribenha ou com o histórico familiar positivo, a partir dos 45 anos é ideal. Homens que tenham alterações genéticas comprovadas, como mutação de alguns genes, precisam realizar os exames mais cedo ainda, a partir dos 40 anos. Então o rastreio inicial é feito com o toque retal, que é um exame físico simples, e o exame de sangue, que é o PSA. Vale lembrar que os dois métodos são complementares. Não é um ou outro, são os dois. Quando a gente combina os dois, aumenta bastante a nossa taxa de detecção do câncer de próstata. Então medidas simples, como um exame de sangue e o exame físico, que dura poucos segundos e é indolor, resolvem o problema. A taxa de erro no diagnóstico quando os dois exames são combinados é muito reduzida”.
Detecção
Após feito o exame e detectado o problema, seguem as próximas etapas para o tratamento. “Detectado o problema, antigamente, o paciente ia direto para uma biópsia de próstata, que é um exame mais invasivo. Hoje, nós temos outros procedimentos. Geralmente nós repetimos o PSA para confirmação dos resultados e, após a confirmação, utilizamos a ressonância magnética da próstata, para ter uma visão mais elaborada do quadro. Ressonância multiparamétrica da próstata é um exame que torna possível identificar nódulos suspeitos para câncer, um método que evita colocar os pacientes na biópsia sem necessidade real. Isso porque nem sempre a elevação do PSA significa realmente um problema na próstata, então é necessário esse complemento”, elucida.
Novos exames
“Nos casos que são duvidosos, quando o PSA é insuficiente para uma conclusão, existem dois testes novos que estão começando a ser aplicados no Brasil. Por enquanto, eles não estão disponíveis no SUS, mas alguns laboratórios já têm trabalhado com eles. Um deles é o PCA3, que é um teste feito na urina, e o outro é o coletado no exame de sangue, o score. São exames que tentam predizer o risco de câncer de próstata e são mais conclusivos do que o PSA.”
Conteúdo produzido integralmente por Jornal da USP
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