Última atualização em 19/11/2024, 9h04min por A Trombeta
Novembro Azul é o mês usado para a conscientização sobre o câncer de próstata. Esse tipo de câncer é o segundo mais comum em pessoas com próstata, perdendo apenas para o de pulmão. É estimado que sejam diagnosticados cerca de 23 mil casos por ano e a preocupação tem sido o crescimento desse diagnóstico. A esse respeito, ouvimos Maurício Cordeiro, médico assistente da Urologia Cirúrgica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, que discorre sobre o aumento desse tipo de tumor em jovens e ressalta os fatores de risco. “O câncer de próstata, de um modo geral, vai acometer um a cada seis homens ao longo da vida; por isso, a importância de sempre estar se falando e sempre se orientando em relação a essa doença, porque a prevalência na população masculina é muito alta”, afirma.
“Toda a sociedade fica submetida a uma série de fatores de risco e esses fatores de risco vêm cada vez mais aumentando: sedentarismo, falta de atividade física, tabagismo, e isso vai aumentar uma série de incidências de neoplasias (…) os principais fatores de risco para o câncer de próstata são a idade, conforme principalmente o homem passa dos 50 anos de idade; o outro fator de risco são os antecedentes familiares, a incidência do câncer de próstata é de um a cada seis homens, mas se você tem um parente de primeiro grau já aumenta para dois a cada seis, se você tem dois parentes de primeiro grau, já aumenta para três a cada seis, ou seja, 50% dos homens”, acrescenta Cordeiro.
Diagnóstico
Um fator importante é realizar os exames de rotina, a fim de detectar com antecedência possíveis neoplasias. O médico explica que, quanto mais no estágio inicial está o câncer, maior a chance de cura: “O câncer de próstata, numa fase inicial, que é onde nós queremos diagnosticar, porque a chance de cura é muito alta, acima de 90% a chance de cura, nessa fase inicial os homens não apresentam sintomas. É só através da realização do exame de sangue, que é o PSA, que é uma proteína produzida pela próstata e através do exame físico, através do exame digital da próstata, que nós conseguimos suspeitar do câncer de próstata e na suspeita solicitar uma biópsia que faça o diagnóstico. Se o homem esperar ter sintomas para poder procurar o urologista, ele já pode chegar com o diagnóstico de uma doença muito avançada”.
Ele ainda ressalta os principais sintomas, como: dificuldade extrema para urinar, dores ósseas, dores nos ossos da bacia, nos ossos da coluna, emagrecimento, insuficiência renal. Geralmente quando sentidos, significa que o câncer está em um estágio mais avançado.
Uma discussão que sempre está em alta é sobre o exame do toque. Para realizar o diagnóstico precoce é necessário realizar o exame de sangue PSA e o de toque. “A Sociedade Americana de Urologia define que acima dos 50 todos os homens têm que fazer e, para os homens de risco, acima dos 45 anos de idade. Mas o que a gente tem que entender é que mesmo o paciente abaixo dos 40 anos de idade, ele eventualmente pode desenvolver o câncer de próstata. Se ele tiver um antecedente familiar muito importante, se ele é de raça negra, ele pode desenvolver um câncer de próstata até antes dos 40 anos de idade”, discorre o especialista.
Tratamentos
Quando diagnosticado, é importante iniciar o tratamento com agilidade. O avanço da tecnologia permitiu que as formas de tratamento ficassem menos invasivas. “No passado, a gente fazia de uma forma convencional, que é uma cirurgia aberta. Depois, nós mudamos para uma cirurgia laparoscópica, onde a gente faz pequenas incisões e entram algumas pinças na cavidade abdominal e o cirurgião segura essa pinça para a realização da cirurgia. Hoje nós fazemos por via robótica, onde não é o cirurgião que segura as pinças, é uma plataforma robótica que segura as pinças, mas a cirurgia é toda realizada pelo cirurgião. É o cirurgião que faz os movimentos das pinças e os movimentos são transmitidos para esses braços robóticos. A cirurgia robótica permitiu para a gente uma cirurgia com menor sangramento, uma cirurgia com menos dor, menor tempo de internação hospitalar, menor tempo da necessidade de ficar com cateter”, explica Maurício Cordeiro.
Outra forma de tratamento são as drogas. “Nós utilizamos muito para as doenças avançadas. Nos últimos dez anos teve o desenvolvimento de uma série de drogas realmente eficazes e drogas com uma repercussão de efeitos colaterais muito pequenas. Então hoje nós temos um armamentário (conjunto de recursos médicos) para poder tratar dos pacientes muito grande e com muito menos repercussão na qualidade de vida do paciente em relação ao passado”, conclui o professor.
Fonte: Jornal da USP
Imagem de capa: Pixabay
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